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Quando o reino animal

contra-ataca

Uma excursão pelas zoonoses que afetam a humanidade desde o início do século XX

Álvaro Couto

Zoonoses são doenças causadas ao hospedeiro humano por organismos oriundos de animais. O coronavírus não é a primeira pandemia originada em animais e dificilmente será a última. Já foram contabilizados mais de 500 vírus zoonóticos, sendo que 120 deles são comprovadamente causadores de infecções em seres humanos e, nos últimos 120 anos, um passado não tão distante para a história humana, essa é a segunda pandemia registrada.

Cientistas vinham alertando para a possibilidade de uma pandemia causada por zoonose há algum tempo. Ainda em 1958, Joshua Lederberg, vencedor do prêmio Nobel de medicina daquele ano, disse que “a maior ameaça para a continuidade do domínio da espécie humana neste planeta é um vírus”. Fatores como a globalização, fácil locomoção por todo o planeta e até a poluição do ar favorecem a aparição de uma pandemia.

Neste texto, elencamos vírus de origem animal e quando surgiram, como eram ou são contraídos, quantas vítimas e como foram embora, se é que foram:

      Vírus da Raiva

  • Etiologia: Lyssavirus da família Rhabdoviridae

  • Origem: mamíferos em geral

  • Aparição: desconhecido

  • Transmissão: contato com fluídos orgânicos de animais infectados (fezes, vômitos, urina, saliva, sangue, secreções das vias respiratórias e sêmen)

  • Tratamento: imunização via vacina em humanos e animais.

  • Sintoma: mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura, anorexia, dor de cabeça, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquietude, sensação de angústia.

  • Taxa de mortalidade: aproximadamente 100%

​                  Vírus Marburg (MARV)

  • Etiologia: Marburgvirus da família Filoviridae

  • Origem: morcegos (assintomático) e macacos verdes

  • Aparição: 1967, Alemanha e Ioguslávia (surto laboratorial) e Angola, República Democrática do Congo, Uganda e Quénia e na África do Sul

  • Transmissão: contato com fluídos orgânicos de infectados (fezes, vômitos, urina, saliva, sangue, secreções das vias respiratórias e sêmen)

  • Tratamento: não  há vacina, somente terapia de apoio

  • Sintoma: fortes dores de cabeça e mal-estar

  • Taxa de mortalidade: até 88%

                Vírus Ebola

  • Etiologia: Ebolavirus da família Filoviridae

  • Origem: morcegos (hospedeiro reservatório assintomático)

  • Aparição: 1976, Sudão e República Democrática do Congo.

  • Transmissão: contato com fluídos orgânicos de infectados (fezes, vômitos, urina, saliva, sangue, secreções das vias respiratórias e sêmen), inclusive de humano para humano

  • Tratamento: não há vacina, somente terapia de apoio

  • Sintoma: início repentino de febre, fraqueza, dor muscular, dores de cabeça e inflamação na garganta. Isso é seguido por vômitos, diarreia, coceiras, deficiência nas funções hepáticas e renais e, em alguns casos, sangramento interno e externo

  • Taxa de mortalidade: 39,5%

                   Vírus Hendra (HeV)

  • Etiologia: Henipavirus, da família Paramyxoviridae

  • Origem: morcegos (assintomático) e equinos (hospedeiros acidentais)

  • Aparição: 1994, Austrália

  • Transmissão: cavalos contraem consumindo folhas e alimentados infectados pela urina e saliva de morcegos. Humanos contraem em contato com tecidos de equinos contaminados. Não há indícios de contaminação direta de morcegos para humanos nem de humanos para humanos

  • Tratamento: não há. Recomenda-se eutanásia em animais infectados, prevenção com a utilização de detergentes comuns

  • Sintoma: gripe, falência multissistêmica e encefalite progressiva

  • Taxa de mortalidade: 57%.

 

                   Vírus Nipah (NiV)

  • Etiologia: Henipavirus, da família Paramyxoviridae

  • Origem: porcos

  • Aparição: 1999, Malásia e Singapura

  • Transmissão: através do contato e consumo de porcos, folhas e alimentos infectados pela urina e saliva de morcegos, além de contato com outros humanos infectados

  • Tratamento: não há vacina, somente terapia de apoio

  • Sintoma: dor de cabeça e febre, seguido de sonolência, desorientação e confusão mental. Esses sintomas podem levar ao coma entre 24 e 48 horas. Alguns pacientes apresentaram doenças respiratórias e metade dos pacientes que desenvolveram quadros neurológicos grave também tiveram problemas pulmonares.

  • Mortalidade: 70-75%.

                  SARS (SARS-CoV)

  • Etiologia: Síndrome Respiratória Aguda Grave, da família Coronaviridae

  • Origem: morcegos ou civeta (não se sabe ao certo)

  • Aparição: 2003, China

  • Transmissão: de humano para humano através de secreções das vias respiratórias.

  • Tratamento: não há vacina, somente terapia de apoio

  • Sintoma: tosse seca, falta de ar, febre, mal-estar, mialgia, dor de cabeça, diarréia e calafrios. Muitos casos apresentam dificuldade de respiração que pode levar à UTI.

  • Taxa de mortalidade: 20%.

Fontes:
 

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